Quando eu era criança e pegava uma bergamota para descascar, corria para meu pai, e pedia - Pai, começa o começo?! Que eu queria era que ele fizesse o primeiro, rasgo na casca, o mais difícil e resistente para as minhas mãozinhas. Depois sorridente ele acabava descascando toda a fruta para mim, mas em outras vezes, eu mesma tirava o restante das cascas, partindo daquele pequeno rasgo que meu pais havia feito para mim.
Já não sou mais criança e já não tenho meu pai comigo...Sinto falta de alguém para "começar o começo", das cascas duras que encontro pelo meu caminho, hoje minhas bergamotas são outras; preciso descascar as dificuldades do trabalho, os obstáculos dos relacionamentos com amigos, os problemas no núcleo familiar, o esforço diário que é a construção do casamento os retoques e pinceladas de sabedoria na imensa arte de criar filhos realizados e felizes... ou então a dificuldade sempre tão difícil de enfrentar, doenças, perdas, traumas e separações... em certas ocasiões minhas bergamotas transformaram-se em enormes abacaxis...lembro-me então que a segurança de ser atendida pelo meu pai quando lhe dizia: "começa o começo". Era o que me dava a certeza que eu conseguiria chegar até o último pedacinho da casca e saborear a fruta.
POR ISSO...
Quanto a vida parecer muito grossa e difícil como a casca de uma bergamota para as mãos pequenas de uma criança.
Lembre-se de pedir a Deus (o seu Deus, seja ele qual for): Pai, começa o começo!
Texto escrito pela mãe do Cássio (pré A - manhã) e Lucas (maternal I) Marta Teresinha e lido na homenagem realizada aos Pais!
Nenhum comentário:
Postar um comentário